08/09/2010

NO ACASO DO AMOR
















Meu corpo já se distancia
do teu e sofre a separação!
Em mim o desejo de ti agora
se antepõe à natureza calma e morna
que ardente era!
Meus lábios já não ditam mais
os enlevos de amor
e minhas carícias já não levam
o sangue quente da paixão!
Morre em mim lentamente
o ardor de tua quentura
e mensamente se esvai
todo o sangue de minha ventura!
E minha solidão torna-se maior
e meu canto torna-se da cotovia
num mar imenso
sem horizonte para pousar
Que desacerto! Que desencanto!
Sinto que por mais que não queira
a vida pede-me mais essa entrega,
esse pranto!
Um passo a mais para a ida derradeira!
Mas, espera, ainda vive forte um eterno pulsar
o doce encanto, o nosso fruto renascido
no sorriso terno daquela criança
na verdade querida desse amor florido!
É a presença-vida que dilata o amar
é o amor que vive para se eternizar!

Luiz José Maia
In As Quatro Faces do Homem
foto  de Armando Caldas

Um comentário:

Dora Pica disse...

Amei...simplesmente isso.