10/10/2010

18




















Um vento suave, em cálida passagem,
afaga lentamente minha pele.
Esqueço as horas nessa breve aragem,
antes que o tempo envolva a vida e a sele.
Nada a fazer, nenhuma ação pensada
neste instante em que tudo está adiado.
Apenas essa mínima tourada
que o vento faz com meu corpo cansado.
São três da tarde. Apuro o meu olhar
neste calor que só me traz miragens
e busco a fresca imensidão do mar.
Mas o vento, que a espuma azul evola,
me lembra que o calor ainda resiste,
o tempo impera – e tudo vai embora.

Renato Tapado
In Palavras na Penumbra
tela de Ivan Federovich Choultse

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