10/10/2010
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Um gato na caixinha se entretém
com um ínfimo brinquedo, quase nada,
algo que não se mostra, mas contém
a graça e o risco de alguma jogada.
Não sei o que ele busca no vazio
desse espaço sem uso, limitado,
que o faz se deliciar num rodopio
sem fim, sem objeto, só agrado.
O pouco com que o gato se contenta
criando desse oco uma vertigem –
brincar com a solidão como uma bola.
Tento aprender o que meu gesto inventa
copiando o gato na página virgem –
caixinha onde minha solidão se evola.
Renato Tapado
In Palavras na Penumbra
tela de Henriette Ronner-Knip
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