12/12/2010
MADRUGADA
As estrelas tremem no ar frio, no céu frio...
E no ar frio pinga, levíssima, a orvalhada.
Nem mais um ruído corta o silêncio da estrela,
Senão na ribanceira um vago murmúrio.
Tudo dorme. Eu, no entanto, olho o espaço sombrio,
Pensando em ti, ó doce imagem adorada!...
As estrelas tremem no ar frio, no céu frio,
E no ar frio pingam as gotas da orvalhada...
E Enquanto penso em ti, no meu sonho erradio,
Sentindo a dor atroz desta ânsia incontentada,
- Fora,aos beijos glaciais e cruéis da geada,
Tremem as flores, treme e foge, ondeando o rio,
E as estrelas tremem no ar frio, no céu frio...
Manuel Bandeira
In A Cinza das Horas
foto de Martin LaBar (going on hiatus)
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