a evocar as luas evaporadas,
fazendo do objeto verbal
acabado
não uma construção terminada!
Se a escola veio gritar,
exorcismar e "traumatar"
toda espécie de inocência
que eu tentava recriar caudalosamente,
também revelou-me
a valorização dos gestos
e compreender os livros.
- Acabo de revelar uma estranha embriaguez,
espécie de orgasmo das criaturas unidas ao
seu destino.
E sob um vento suão,
às quinze horas da adolescência,
percebi a antiguidade das pedras
tropeçadas no jardim.
Experimentei unir-me ao divino
sob todas as formas.
Amei a conspiração dos deuses
entre a pele e o sangue
de vestir o coração,
muito perto da terra
e escrevi na carne a vertigem
de toda a humana loucura.
E enquanto criava-se no Brasil
a "Arte da Resistência"
sob o domínio das fardas,
Maria Bethânia gritava "Carcará, pega mata e come!",
Aleksei Leonov tornava-se
o primeiro homem
a sair de uma nave espacial
e todos queriam ser personagens
de Fellini,
às quinze horas da adolescência
fui buscar palavras inteiras
nas bocas dos adultos.
Reuni e repeti a todos sem compreendê-las.
Às quinze horas
da adolescência,
desenhei no barro alguns
moldes
que se transformaram
em versos,
depois lambi os dedos
para ver o gosto.
Às quinze horas,
era a palavra
eu
e o arado do coração
preparando a chão do poema.
Eulália Maria Radtke
In Lavra Lírica
arte desconheço autoria
Um comentário:
Lindo demais!
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