06/08/2011

DESCOBERTA


Só depois percebemos
o mais azul do azul,
olhando, ao fim da tarde.

Só depois é que amamos
a quem tanto amávamos;
e o abraço se estende, e a mão
aperta dedos de ar.

Só depois aprendemos
a trilhar o labarinto;
mas como acordar os passos
nos pés há muito dormidos?

Só depois é que sabemos
lidar com o que lidávamos.
E meditamos sobre esta
inútil descoberta.

enquanto, lentamente,
da cumeeira carcomida
desce uma poeira fina
e nos sufoca.

Ruy Espinheira Filho
In Poesia Reunida

Nenhum comentário: