09/09/2011

CIRCULAÇÃO AMOROSA


Cuidava que amor já se findara,
até vê-lo de face, recomposto
entre asfalto e edifício, nuns alindes
de tempo muito outrora merecido.
Cuidava que carpir só me restava,
diante de impassíveis formas neutras,
o meu próprio pretérito exilado
na mais interior e inacessível
ilha que me permito, enquanto a bruma
delia-me, no peito, a tatuagem
celebrante de ingênuos madrigais
compostos entre beijo, espada  e rosa.
Cuidava me tornar, fonte exaurida,
um somente lugar no descaminho,
cemitério de seixos, sem o móbil
que cumpre o ser do rio e seu destino.
E nem mais matinava nos mundéus:
a espreita , o soslaio, o sutil
em que se guarda amor no anteminuto
de quando a nossa posse é consumada.
E onde nos consumimos.Ah, cuidava
ser a coisa maninha(alma e carne)
tudo o que finalmente me compunha,
era eu mesmo, repleto, concluído.
Como se, antese oculta, vindo amor
fosse momento em branco o onde se enflora.

nosso endereço escrito no infinito.

Ruy Espinheira Filho
In Longe de Sírius
foto por bestpg12to32     

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