25/10/2011

CHORO


esta doce intimidade
com a noite,
o seu silêncio
povoado de sombras e
estrelas.
e a aspereza húmida
da areia
e o rumorejar surdo
de um mar tranquilo de inverno.
a suave potência das vagas
penetrando a areia
numa musicalidade
branca
de um respirar líquido...
e as minhas palavras de um
pensamento
mais lento
quase na vertigem
do imóvel,
ganhando a força do
sangue mais fluido,
mais vermelho,
pulsando no mesmo compasso
mágico
do planeta vivo,
esta noite tão viva.
há o encantamento sagrado
de um corpo aberto por todos
os poros,
com toda a incrível potência da
vulnerabilidade...
e começo a chorar...


António Maga
In Livro do Gelo
foto Tamara de Lempicka

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