27/11/2011

DO POETA


O ar que respira é o do vergel,
Batido de sol, resguarda
pela espessura dos refolhos
algo de sombra e orvalho.

Entre os escaravelhos e o arbusto
do peito frágil existem
segredos buscando alívio
através de sussuros.

Do aroma que sobe e desce
pelas vergônteas em balouço,
nem concebera o zéfiro
a delicadeza. A força

com que se prendem ao solo
as emaranhadas raízes
tem origem talvez
nesse mundo remoto

antes das águas, muito antes
da criatura em face dos céus
e acaso simplesmente prolonga
o ato criador de um deus.

Henriqueta Lisboa
In Miradouro e Outros Poemas
tela "Inspiração" por Solange Alves
http://pensarart.blogspot.com/2011/05/blog-post.html

Nenhum comentário: