12/11/2011

NOTURNOS POÉTICOS


Eu faço poesia
quando, dentro de mim,
não há mais dia.
E já na penumbra,
então me recolho
e deixo-a entrar.

Sabe o caminho.
Corre para mim
com passos de bruma
e corpo de argila
para eu modelar.

Arisca, recua,
se oculta e disfarça
na floresta noturna
para depois me chamar.
Em silêncio escuto
propostas de amor,
apelos felinos,
gritos de dor.
Pego na argila
para afeiçoar.

Ela corre e escorre
entre meus dedos.
Finge furtar-se
aos meus desvelos

E logo se entrega
 à subtil magia
de me conquistar.
Afago as palavras,
pedaços de argila
moldados na vida,
a escorrer poesia...

Ruy Alvim
In Diário Interrompido
foto Mundifari

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