02/11/2011

OS MORTOS


Há uma luz suave em que eles respiram.
Não mudaram nada e fingem não ver
como sou mais moço nas fotografias.

Contam histórias, sempre,mesmo quando em silêncio 
(e tanto quanto se contam, contam-me também de mim).
Não mais precisam beber, só se refletem no copo

que ergo e em que bebo, por eles e por mim,
trespassado ainda dos sonhos que compunham a alma
de que se iluminava o moço nas fotografias.

Ruy Espinheira Filho
In Sob o Céu de Samarcanda

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