29/12/2011

Ó NATUREZA


Ó natureza: força  e travo.
Sorvo-te o ar desde antes
do amanhecer na terra
a cada respiro.
Bebo-te a água nascente e antiga
ora nas mãos em concha
ora em cristal.
Intrépida ou vacilante
piso-te o chão - colina e vale -.
Alimento-me de teus frutos
acidula-me o verde.
Aquece-me e queima  teu fogo
dádiva e ardil entre nós.
Estou em ti estás em mim
nesse mútuo sofrer
em que eclipse me traz colapso,
nessa defensiva ou jugo
em que tento aliciar-te.
Tu violenta eu capciosa.
Natureza, mestra, inimiga,
que me ensinas o amor e rebeldia.
Entre nimbos encarcerada,
pelos astros liberta,
sinto-me parcela em teu corpo
de unidade comigo.

Henriqueta Lisboa
In Miradoura e Outros Poemas 
tela Michael O'Toole  

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