03/12/2011

PARA TODOS


De repente não posso dizer-te
o que te deveria dizer,
homem, perdoa-me, saberás
ainda que não escutes as minhas palavras    
que não me pus a chorar nem a dormir
e que estou contigo sem te ver
desde há muito e até ao fim.

Eu percebo que muitos pensem,
e Pablo o que faz? Estou aqui.
Se me procurares nesta rua
encontrar-me-ás com o meu violino
preparado para cantar
e para morrer.

Não é por querer deixar alguém
nem aos outros,nem a ti,
e se escutares com atenção, na chuva,
poderás ouvir
que vou e venho e me demoro.
E sabes que devo partir.

Se não se entendem as minhas palavras
não julgues que sou o que outrora fui.
Não há silêncio que  não se acabe.  
Quando chegar o momento,espera-me,
e que saibam todos que saio
à rua, com o meu violino.

Pablo Neruda
In Pleno Poderes   

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