17/01/2012

BORBULHANTE



Guardei meu poema dentro de uma bolha de sabão.
Como não ficar seduzida
pela circunstância lisa e transparente,
onde o arco-íris passeia docemente
e morre de amores pela espuma colorida?

Acomodado na nova moradia,
o poema suspirou e adormeceu.
Quando acordou, já não mais me pertencia.

A bolha de sabão se deslocara
e o poema apaixonado que eu criara
descobriu de repente que era teu.

Flora Figueiredo

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