Magoamos
pelo menos 3 vezes ao dia
nosso corpo
obrigando-o a comidas repulsivas.
De noite ele se vinga
sonhando (ou faxinando)
o lixo imaginário
que nele acumulamos.
Magoamos o corpo
a vida inteira
não lhe ofertando o sexo
que urge
como urge
onde urge
quando urge.
Em compensação
o cobrimos de joias perfumes, cremes e roupas
nem sempre convenientes.
Ele suporta
O levamos a festas, esportes, celebrações exaustivas.
Ele emite sinais de desconforto.
Mas prosseguimos inclementes
chicoteando a alimária que somos.
Affonso Romano Sant'Anna
In Sísifo desce a montanha
tela Paul Cezanne
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