04/01/2012

HINO AO SONO


À noite, quando sinto o meu corpo sentindo
a fadiga, o cansaço e o tédio do trabalho,
tu vens, ó sono bom, vens lentamente vindo
enrolar-me na lã do teu fluido agasalho.

E, como uma flor branca embebida de orvalho,
a suave languidez de tua alma se diluindo
cobre todo o meu ser e no teu ser me espalho
como um som que se escuta a ampliar-se, sumindo...

Em ti, como num mar distante, cujas águas
refletissem a dor , as tristezas e as mágoas
de quem de cedo tivesse o desprezo da sorte,

todo o meu ser se abisma, ansioso, e se evapora!
Porque tu és, ó sono, essa essência sonora
tranquilizante a vida poetizando a morte.


Gilberto M.Teles
In Poemas Reunidos 
tela Vasily Alexandrovich Kotarbinsky, (Russian,1849-1921)

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