Por entre os dons, não há no amor, o lume
que, de igualar, nos urde.Quem aclara
no inverno, o verão, o outono, a rara
primavera? Na soma se presume.
Por entre os dons, o deste o amor nos une.
Não há mais rugas, por romper o espelho?
Infante é o coração e, às vezes, velho.
Frouxos os olhos. O que a dor não pune,
não cabe a nós punir.Humanos, almos,
o avesso é um penedo recoberto
onde o navio naufraga. Transitórios,
afagamos o eterno - ledos, calmos.
O mundo não deságua sobre o verso,
se não me ajusto nele, quando choro.
Carlos Nejar
In Amar, a mais alta constelação
tela Pierre Auguste Renoir
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