26/02/2012

A DESCONHECIDA



Assim deve ser a doce morte,
Assim eu a imagino.
Funda como um completo pensamento de perdão,
De caminhar tranquilo e leve, deixando pelos ares
O aroma de sândalo e de boca de recém- nascido.
Doce como a memória do primeiro gesto de amor,
Bela como a noite recamada de úmidas estrelas.
Assim eu a imagino.
Murmurante  e maviosa como a água cantando pelas pedras das fontes,
Sombria e repousante como a velha árvore da mata.
Deve ter a atração misteriosa das mágoas que se inscrevem
No pensamento dos condenados e dos mártires.
Seus passos devem ter o ruído de ruflar de asas de arcanjo
Descendo do infinito sobre os espíritos abandonados.
Assim eu a imagino.
Funda e inextinguivel como um beijo de ternura amiga,
Deliciosa como o olhar da eternidade,
Mansa como o sono da amada.
Assim deve ser a que eu amo,
Assim deve ser a que espero.

Adalgisa Nery
In Mundos Oscilantes
tela  Duy huyhn

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