Incerta vai a nau, torto é o mundo,
as mãos são fracas e o oceano é fundo.
Desgoverna-se o leme, tudo treme,
a madeirame geme e o barco freme.
São sinais de naufrágio. Paga-se o ágio
de se olhar para o umbigo. Chega o estágio
em que um só não se salva. É necessário,
mais que nunca, um esforço solidário.
Rasga-se a quilha nos recifes.A água
penetra em jorros nos porões. A mágoa
de estar perto do fim a todos toma.
Como fazer do oceano a urgente doma?
Cercados pelo mar,unem-se os braços
que sumirão na espuma e nos sargaços.
Reynaldo Valinho Alvarez
In Galope do Tempo
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