A FLOR DIÁRIA
Há uma pequena morte
- flor diária - um tributo.
A vida é feita de açucenas
e sucessivas mortes -
Morre-se uma vez por minuto.
Mas há outra; é aquela
com que cada um de nós,
na foto do após-após,
pra viver se suicida um pouco.
Ao léu do planeta louco.
E a morte com que eletro -
cutamos, na prisão do peito,
uma criatura, um sonho
que é preciso ser desfeito
com um simples não (secreto)?
A racionada morte
com que, ao invés de morrer,
como cravo em botão,
matamos as coisas e os seres
por simples abstração?
Cassiano Ricardo
In A Difícil Manhã
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