Há uma rua sempre iluminada
pelo olhar da infante bem-amada.
( em seu dedo, aro de ouro e uma pedra
que brilha doutro jeito: um grão de treva).
Há um dia vasto sobre dois amigos
capazes de amar coisas como rios.
Há uma palavra injusta e a tarde muda:
o crespúsculo é só um frio agudo.
Há outra palavra que não chega a som
e torna a alma uma brisa vã.
Há uma valsa nos corpos enlaçados
e nela o giro para nunca mais.
Há uma casa no ar, em sombra e calma,
onde o nosso fantasma se agasalha
e, num velho pijama de doente,
medita nessas coisas lentamente.
Ruy Espinheira Filho
In Morte Secreta
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