Se um dia deste meu ventre
brotarem árvores-filhos
que sejam fortes como os livros
a que tanto amo.
Que eu possa morar
nas dobras de suas páginas
e me escrever nas suas margens,
(como num rio)
que eu mergulhe em suas sendas minúsculas,
como nas entranhas das palavras.
Que meus filhos me amem,
como meus livros
e que não fiquem apriosionados
nas minhas estantes!
Que mais que páginas
tenham pés e asas,
que voem brutos
desenhando
sombras nos céus.
Que meus filhos possam olhar meus retratos
e que possam ver,
para além da beleza possível,
os olhos da mãe improvável
.
.
Que deste ventre nasçam
mais que filhos-palavras,
corpos carne e sangue
donos de minha mais profunda
e ineludível substância.
Lívia Natália
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