Da janela já não se enxerga a montanha
Mas. mesmo de olhos cerrados,
não se distancia a sensação de sua presença
Suave, o vento vem daqueles lados
e,
cúmplice, sopra em toda a sala
a certeza de que a montanha, absoluta, continua lá
Sobre as teclas do velho piano,
pó denunciando uma longa espera de graves e agudos
Na estante, livros repletos de intocadas emoções
No canto, uma foto já
Quase amarelada
provoca branda solitude, suportável dor
O brilho dos olhos, o delicado sorriso...
A mulher da fotografia é nitidez e ausência
A montanha que não se vê,
sem nenhum esforço é possível sentir
Ela está aqui. presente como o respirável ar
Agora, uma chuva intensa
faz elevar-se o cheiro da terra
Do telhado, pingos emprestam ao piano graves e agudos
O vento penetra ainda mais forte,
revirando jornais com antigas notícias impressas...
Na fotografia, a leve impressão de solidário sorriso.
Raimundo Gadelha
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