Ainda existe a rosa nos cabelos
vermelhos da poesia.
Ainda há força
no azul do seu mistério, no seu canto,
no eixo de sua aérea encruzilhada.
Ainda, a sua origem, seu mais íntimo
silêncio: o veludoso ardor das pétalas,
o aroma das amoras no políndromo,
das palavras de aladas peripécias.
Ainda, esta morada, o seu precioso
espaço interior, o alumbramento
da forma em desatino, a descontínua
perspectiva do ser na travessia.
Ainda, a sua angústia, o novo tempo
se exaurindo nas coisas, lapidando
os favos da romã e consumindo
seu avesso de fogo e sutilezas.
E ainda a sua imagem:
lago, espelho,
alma e corpo submerso, o indelével
estribilho do amor e seu disfarce,
e seus pontos de cruz na superfície.
Gilberto Mendonça Teles
In Plural de Nuvens
tela Brenda Burke
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