23/04/2012

VOLTA



Volta.
Porque te quero sugar a ebulição
 e a efervecência.
Porque preciso denegrir a tua ausência.
Volta.
Porque o espaço oco permanece
sem teu espasmo louco.
Porque a vida desleixa e desmerece.
Porque falta seiva à flor
que oscila e pasma
e tomba a graça insana que se rasga.
Volta.
Para vestir a alma rala e nua,
assumir o êxtase,
renovar o sangue.
Volta, que me preciso tua.

Flora Figueiredo
In Calçada de Verão
tela Maria Amaral

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