Amar como amam os mamoeiros
separados de muros
mas pulsando raízes, folha e frutos
no silêncio dos quintais.
Amar como as plantas amam, ignoradas
pelos homens e os gatos.
Amor de êxtase, sem ferir
o sono dos ninhos
e o pudor dos outros animais.
Amar como os mamoeiros, angustiados
suando orvalho no amanhecer.
Fazer confidência, usando o código
fabuloso da abelha,
ou enviar convites para o sonho
no tráfego noturno das formigas.
Amar como amam as plantas, fecundar
no voo dos pássaros
e no vento cúmplice.
Amar como os mamoeiros amam
com esse amor casto e fundo,
amor de contida violência
com o silêncioso orgasmo
da criação do mundo.
Bueno de Rivera
In Melhores Poema
tela Elzbieta Mozyro
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