23/06/2012

MUNDO SUBMERSO



Os pensamentos amplos
movem-se vermelhos
como peixes livres
entre as algas frias.

O olho da memória
acende-se no abismo
e rola como a lua
entre as nuvens salgadas.

A retina imersa
retrata as angústias,
é a câmara atenta
aos gestos mais vagos.

Soluços sem eco
de inúteis motivos.
suicídios lentos,
pactos de morte.

Mulheres aquáticas,
estrelas de carne,
sugando os desejos,
tentando os incautos.

Mãos retorcidas
na ânsia do naufrágio.
Navios mortos
no cais profundo.

O músico do bar
dança com o polvo.
A pauta vogando
sem interpretação.

O véu e a coroa
enfeitam os recifes.
A bailarina dorme
nos corais serenos.

Amáveis lembranças
de longos roteiros,
as cartas, os lenços
no adeus eterno.

As chagas  acesas
cobertas de sal,
as ideias rolando
no fatal mergulho.

Boca sem vozes,
olhos afogados,
coração boiando
na água infinita.

As ondas são doces,
o céu tranquilo,
mas um corvo sonha
na praia em silêncio.

Bueno de Rivera
In Melhores Poemas
tela Kevin Zuckerman

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindoooooo