03/06/2012

AOS CHORÕES



Chorões da praia de Belas,
molhando as folhas do rio,
sois pescadores de estrelas
ao crepúsculo tardio.

O mais velhinho, já torto
ao peso de tantas mágoas,
lembra um pensamento absorto
debruçado sobre as águas.

Salgueiros trêmulos, belos,
meus camaradas tão bons,
diz o poeta, violoncelos  
onde o vento acorda sons,

sois  à beira da enseada,
um bando de poetas boemios,
e fitais na água espelhada
vossos companheiros gêmeos...

Mas, se alguma brisa agita
a copa descabelada,
ondula, salta, palpita
vossa imagem assustada...

Augusto Meyer
In Poesias

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