À sombra do campanário
a vida é calma e grave como um crepúsculo de outono.
Às vezes passa um carro, trepidando pelas pedras,
e as lojas velhas tremem, sacudidas de saudade.
Bóia no bebedouro a torre trêmula, invertida,
sacudida molemente num reflexo,
abraçada numa ronda circular de folhas mortas.
As andorinhas piam quando a chuva está suspensa
e o ar parado é um ninho morno.
- Hoje vem água, comadre...
- Se Deus quiser...se Deus quiser...
A vida merencória, sem história,
como um sino sem glória
que guardasse no seu bojo o ouro das páscoas matinais
e a aleluia azul dos dias que não voltam nunca mais...
Augusto Meyer
In Poesias
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