06/06/2012

UM SONETO DE AMOR




Amor, antes que a tarde se detenha
em mim, como uma rosa prematura,
antes que a melodia sobrevenha
às mãos pousadas sobre a tecla escura
ouve, que este é o momento de dizermos
das coisas imutáveis e perdidas;
que as mãos, como dois pássaros enfermos,
sustado o voo, as asas recolhidas,
demorem-se em seu sono imperturbado,
fanadas em silêncio, lírios gastos,
feitos de luz cansada e de passado.
Em teu olhar, que de horizontes vastos,
     que de tristeza a boca que perdura...
  ...em mim, como uma rosa prematura.

Renata Pollottini

Nenhum comentário: