Minha alma é a alma dos objetos,
a alma dos alfinetes e dos lápis
e desses estranhos instrumentos vivos
que são as facas inânimes.
Essa é a minha alma. Me transfiro,
estou profundamente imersa no concreto
como uma esponja impregnada de insensibilidade.
Minha alma é a alma dos bichos,
não a de todos os bichos
mas a dos animais nobres flamantes,
dos cavalos e dos cães e também dos pequenos ratos do
[campo
que lutam pela vida.
É assim que sou humana. Somente assim. Como se a nobreza
[ de ser humana
apenas no sentir os animais se encontrasse; ou em amar os
[humildes objetos
que sentimos sob os dedos quando queremos ser servidos.
É assim que sou humana. E,
visto que a minha alma é a alma dos objetos,
a alma dos animais, é assim que tenho alma.
Sem nada de dogmático. Sejamos elementares.
Renata Pallottini
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