Veranico de maio... paineiras em flor.
Azulínea transparência do ar puro e feliz.
Há uma distância perfeita nos claros volumes
e a harmonia das linhas sobe na luz.
Tudo agora vai ser inocente, inocente
como o riso das moças maduras ao sol.
Róseas, rodopiam estas flores girantes,
elas caem lentamente, tontas de luz.
Como é estranha a minha sombra viúva,
a minha sombra esbelta sobre a areia...
Todo o ser nestas mãos votivas,
todo o amor neste olhar bem claro para a vida.
todo o humano tremor.
Ah! desejos de cirandas cantadeiras
e de beijos!
loucura de abraços virginais
e de pura, puríssima ternura!
Vontade simples de semear alegria
pelos cinco sentidos,
pela dança das palavras musicais!
Alma cheia, deixa cair os sonhos como as flores.
Maio suave é um pensamento bom:
é o sorriso de quem sabe.
Tu nasceste para o amor da hora leve, luminosa.
quando a mão se abre toda
e a voz canta e abençoa.
Os namorados vão passar na tarde clara,
as velhinhas murmuram palavras moças,
toda a gente lê no azul mais alto o seu destino
e os mendigos dão à vida esmola de um sorriso.
Augusto Meyer
In Poesias 1922 - 1955
foto Márcia Lia
Um comentário:
Amei!
Leve, lindo e benfazejo.
Alegra, encanta e constrói!
Faz a diferença!
Beijos da Genaura Tormin
Postar um comentário