Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem, corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.
No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz a transitória
o peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.
Assim a turba inconsciente passa,
muitos que gostam do prazer da taça
Sentem no peito a dor indefinida.
E entre a mágoa que a másc'ra eterna apouca
a humanidade ri-se e ri-se louca
no carnaval intérmino da vida.
Augusto dos Anjos
tela Marcos Ortolani
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