A noite é um morcego manso
sobrevoando uma cidade quase adormecida,
tomando cada rua, cada casa,
como um cheiro adocicado de fruta
quase apodrecida que penetrasse uma casa,
ganhasse cada quarto, cada sala,
como cheiro morno de coisa morta
ainda há pouco se espalhando
por uma cidade quase entorpecida,
como uma noite que descesse sobre casas
mortas, como uma peste,
como se nunca houvesse havido dia.
A noite é um morcego morto.
sobrevoando uma cidade quase adormecida,
tomando cada rua, cada casa,
como um cheiro adocicado de fruta
quase apodrecida que penetrasse uma casa,
ganhasse cada quarto, cada sala,
como cheiro morno de coisa morta
ainda há pouco se espalhando
por uma cidade quase entorpecida,
como uma noite que descesse sobre casas
mortas, como uma peste,
como se nunca houvesse havido dia.
A noite é um morcego morto.
Paulo Henrique Britto
In Liturgia da matéria, 1982
tela Debra Hurd
Nenhum comentário:
Postar um comentário