01/09/2012

EXPLICAÇÃO DO AMOR




O amor em seu próprio corpo
recebe os cacos que lança:
Diálogo de briga ou rinha
em tom de magia branca.
 
O amor, o dos amantes
é sangue da cor de crista:
Coagula insensívelmente
nas polifaces de um prisma.
 
O amor nunca barganha,
que trocar não é seu fraco:
Recebe sempre entornado
como a concha de um prato.
 
Amor não mata: previne
o que vem depois do susto:
Modela o aço e o braço
que vão suportar o muro.
 
O amor desconhece amor
sem ter crueza por gosto:
contempla-se diante do espelho
sem nunca ver o outro rosto.
 
Rio, 1963
 
Cacaso
Arte Camille Claudel

Nenhum comentário: