09/09/2012

SONETO DO ESQUECIMENTO




Porque me esqueces é que me anoiteço:
o coração se envolve em névoa e sombra
e um lento desalento vem e assombra
a vida em  que, sei, não desanoiteço.
 
amanhã, ou depois, conheço
tua força de esquecer, que põe à sombra
de frio vazio a alma que se assombra
sob  estrelas de treva . Desconheço
 
caminhos de fugir. E tudo quanto,
tão esquecido assim, posso fazer
é procurar não me morrer enquanto
 
tarda o momento de resplandecer
o sol, o mar, o sonho, a flor, o canto
dessa clara  manhã de te esquecer.
 
Ruy Espinheira Filho
In Elegia de Agosto
tela Andrei Markin

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