21/12/2012

CANÇÃO PARA CLARISSA



Tua lembrança, na tarde,
me acaricia, me acalma.
Tarde azul com teus olhos.
Ou mais: com a tua alma.

Azul. Um barco navega
no meu hálito sereno.
Quem nele vai?Quem me deixa?
Posso ver o teu aceno

luminoso, no horizonte.
Mas  não adeus: é chamado,
Leva-me a rosa-dos-ventos
até teu corpo dourado.

(Sexo,perfume,gemido,
riso, fragas da memória:
assim me aguardas.Nem sei
como já foi outra história

certa vez. Mas pressenti
teu ser ainda na infância
e parti à tua busca
por longa distância ânsia.)

Leva-me a rosa-dos-ventos,
por sobre a dança do mar
e o amavio das sereias,
àquela a quem quero dar

o que em mim venceu a noite:
este azul que, mesmo em calma,
vive ardendo como chama.
Ou mais: como a minha alma.

Ruy Espinheira Filho
In Poesia Reunida 
tela Vicente Romero Redondo

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