20/12/2012

RÉQUIEM




Nestes verões jaz o homem 
sobre a terra. E a dura terra 
sob os pés lhe pesa. E na pele 
curtida in vivo arde-lhe o sol 
destes outubros. Arde o ar
deste campo maior desta lonjura
onde entanguidos bois pastam a poeira.

E se tem alma não lhe arde o desespero
de ser dono de nada. Tão seco é o homem 
nestes verões. E tão curtida é a vida, 
tão revertida ao pó nesta paisagem 
neste campo de cinza onde se plantam 
em meio às obras-de-arte do DNOCS 
o homem e os outros bichos esquecidos.

H.Dobal
In O Tempo inconsequente

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