11/02/2013

PALAVRAS




As palavras do amor expiram como os versos,
Com que adoço a amargura e embalo o pensamento:
Vagos clarões, vapor de perfumes dispersos,
Vidas que não têm vida, existências que invento;
 
Esplendor cedo morto, ânsia breve, universos
De pó, que um sopro espalha ao torvelim do vento,
Raios de sol, no oceano entre as águas imersos,
- As palavras da fé vivem num só momento...
 
Mas as palavras más, as do ódio e do despeito,
O "não!" que desengana, o "nunca!" que alucina,
E as do aleive, em balões, e as da mofa, em risadas,
 
Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito:
Ficam no coração, numa inércia assassina, 
Imóveis e imortais, como pedras geladas.
 
Olavo Bilac
In Literatura Comentada
tela Catrim Welz-Stein 

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