11/02/2013

POEMA



Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até o meu ouvido
 
Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido
 
Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido
 
Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo
 
Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido
 
Ele trepa de manso e logo  tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído
 
Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho
 
Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho
 
Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido
 
A medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo.
 
Maria Teresa Horta
In Palavras Secretas
tela Catrin Welz-Stein

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