04/04/2013

ALTERAÇÃO



Andam sobrando xícaras à minha mesa.
Copos, guardanapos, pratos e tudo.
Andam faltando sons à minha mesa.
Até o lustre de cristal oscila mudo.
Um sabiá explora imune a grama do quintal.
Armários organizados desacatam a poesia
onde tênis e cuecas
dormiam junto ao trenzinho
que há muito tempo já levou a breca.
Hoje em dia, o despertador fica calado;
o tempo se aninhou no cobertor.
Agora faz mais frio do que calor.
Da vela acesa, só pires e pavio.
Já de saída,
chave na mão, olho pra trás.
A cortina principal está caída.
Tanto faz.  
 
Flora Figueiredo
In O Trem que traz a noite
tela Leon De  Smet

Nenhum comentário: