Para Helena
Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela,
sentada ao pé do fogo e os fios entrelaçando,
dirás, maravilhada, os meus versos cantando:
"Ronsard me celebrou no tempo em que fui bela"
Se alguma serviçal, então, tiveres, ela,
mesmo entredormida, no labor cochilando,
há de, ao som, acordar e, Ronsard ecoando,
o teu nome imortal bendirá dentro dela.
Eu, fantasma incorpóreo na terra hei de ser,
sob a sombra de um mirto, em repouso, a jazer,
Tu serás, ao fogão , uma velha encolhida,
lamentando a paixão que o desdém tornou vã.
Se me crês, é viver sem esperar o amanhã.
Colhe hoje, e agora, as rosas desta vida.
Pierre de Ronsard - (1524-1585)
In As Linguagens das rosas
tela Kurt Anderson
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