27/01/2014

MANDALA




Um poliedro (dizem) de cristal
oculta o múltiplo mutável
enigma da simplicidade.
De si mesmo feito como a vida:
origem matéria forma
reflexos de água
luz
lembranças de ar e terra
inverno e primavera.
Pássaros nele cantam
flores nascem
                     frutos amadurecem
e o poliedro ( de um todo imaginado)
é de arestas finas
                            transparentes
o vento nele se instila
constante
               desvela-o a madrugada somente
móvel
fluente
               debatendo-se no Nada.
Eis o cristal tranquilo
claríssimo
               onisciente
pura obediência do gota a gota
enfim configurado.
 
Dora Ferreira da Silva
In Poemas da Estrangeira  
arte Beatriz Milhazes  

Nenhum comentário: