Um poliedro (dizem) de cristal
oculta o múltiplo mutável
enigma da simplicidade.
De si mesmo feito como a vida:
origem matéria forma
reflexos de água
luz
lembranças de ar e terra
inverno e primavera.
Pássaros nele cantam
flores nascem
frutos amadurecem
e o poliedro ( de um todo imaginado)
é de arestas finas
transparentes
o vento nele se instila
constante
desvela-o a madrugada somente
móvel
fluente
debatendo-se no Nada.
Eis o cristal tranquilo
claríssimo
onisciente
pura obediência do gota a gota
enfim configurado.
Dora Ferreira da Silva
In Poemas da Estrangeira
arte Beatriz Milhazes
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