18/05/2014

SONETO DE UM AMOR




Quando chegou, nem parecia ser.
Agora é isto, este pulsar violento
a rir à toa, a crepitar no vento,
e este oceano, e este amanhecer,
 
mais estas comoções de anoitecer,
mais estes girassóis no pensamento,
raio fendendo a alma (lento,lento...),
e esta estranheza de dizer e crer,
 
e este ácido pássaro no peito,
e uma ternura ardendo na ferida,
e um silêncio, e um fragor, e o céu desfeito
 
por sobre tudo, e a lua comovida
chorando um choro cândido, perfeito
a esta tortura do esplendor da vida!
 
Ruy Espinheira Filho  
In Estação Infinita  e Outras Estações
Imagem Carlos A.Quintero

Um comentário:

Efigênia Coutinho disse...

Para mim ler um bom Soneto é o máximo da poesia, pois quem se dedica a esta forma de Poesia, merece todos os aplausos desta bela arte!
PARABÉNS, pelo espaço literário, deixo um convite para conhecer meu novo espaço,
Efigenia
http://efigeniacoutinho-duetos.blogspot.com.br/