De repente ficamos muito antigos.
Em seu olhar ainda reluz a lua,
porém distante, sobre antiga rua
de onde me vêm farrapos de cantigas
antigas como nós. Um desabrigo
me ofende a alma ao pensar-te nua
agora, sob a luz dura da lua
que não é a outra lua, a lua antiga
que do teu corpo retirava o brilho
com que inundava o céu e a minha vida
em vastidão de amor, cálida lua
que já não vem - ou só como esbatida
lembrança dos teus olhos, desde quando,
de repente, ficamos muito antigos.
Ruy Espinheira Filho
In Estação Infinita e Outras Estações
arte Chagall
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