19/10/2021

ALBAS



 3.

Foi doce colher estrelas
de mãos perdidas ao vento,
mas como pássaro livre
a noite foi um momento.

Já duras luzes investem
contra a sombra que eu intento,
e acenam brancas espadas
nos quatro cantos do tempo.

Mas embora a luz te leve
para um novo acolhimento,
comigo inteiro perduras
pelos caminhos que invento.

4.

Um rio de claridades
vem batizar de tremor
teu corpo de sombra pura
lavrada por muito amor.

Há um pânico de rosas
na bravura do horizonte.
Assombro de aves que irrompem
do seio crespo das fontes.

Mas em nós vai sendo adeus
esse rumor de água clara,
pois somos canto noturno
que a forte luz desampara.

Marly de Oliveira
de Obra Poética Reunida.
Felix Mas


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