19/10/2021

ALBAS


1.

Que as horas tombam de nós
como pássaros calmados,
e breve esclarecem rosas
caminhos desencontrados. 

Amor, que a manhã se atreve 
azul por todos os lados,
e urge o aceno que te deixam
meus silêncios desvelados.

Que as horas tombam de nós,
e a manhã, dos céus calados,
permite que desçam pássaros
sobre teus olhos fechados.

 2.

Embora um resto de noite
fustigue nosso cansaço,
do céu que brame teu corpo,
alto silêncio, renasço.

Caminhos fora convidam
onde não leva teu passo,
mas por amor me vou dando
ao atraso que me faço.

E enquanto a manhã se adianta
com certo desembaraço,
bebo horizontes de amor
na curva do último abraço.

Marly de Oliveira
de Obra Poética Reunida
arte Dorina Costras

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