20/06/2010

INVERNO


















Até bem tarde dorme o sol de inverno,
sol dorminhoco, causticante e gélido,
luzindo pouco e, após algumas horas,
logo se pondo, avermelhada bola.

Antes que os astros deixem o firmamento,
no escuro da manhã eu já me ergo.
E, tiritando, ainda estão despido,
me lavo e visto à luz da vela fria.

Sento-me ao pé do fogo deleitável,
nele aquecendo os ossos congelados;
ou, com um trenó de renas, eu exploro
frios arredores para além da porta.

Para sair, a pajem então me envolve
com o meu gorro e ainda um cahecol .
Queima o meu rosto um vento que arrepia,
fria pimenta ardendo em meu nariz.

Negros meus passos sobre o chão prateado;
denso o meu hálito a soprar gelado.
E casa e árvores, colina e lago,
qual um bolo de noiva, estão glaçados.

Robert Louis Stevenson
Imagem : Watch that Window by Mary G. Smith

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