15/11/2010
UM HOMEM ANDA SOB A LUA
Pena de infausta fortuna
que me cai na alma e a cumula.
Pena.
Lua.
Ruas brancas, ruas brancas...
...Sempre há de haver lua quando
para ver se a pena arranca
ando
e ando...
Recordo o recanto escuro
em que chorava na infância;
os líqueres sobre os muros,
as risadas e a distância.
...Sombra...silêncio...uma voz
que se perdia...
A chuva no teto.Atroz
chuva que sempre caía...
e meu pranto, úmida voz
que se perdia.
...Chama-se e ninguém responde,
anda-se por seguir andando...
Andar...Andar...Para onde?
e até quando?...
Ninguém responde
e continua-se andando.
Amor perdido e encontrado
e outra vez a vida trunca.
O que sempre foi buscado
não deveras achar-se nunca!
A gente cansa de amar...
Vive e terá de morrer...
Sonhar...Para que sonhar?
Viver...Para que viver?
...Sempre há de haver ruas brancas
quando pela terra grande
para ver se a pena arranca
ande
e ande...
...Ande em noites sem fortuna
sob a candeia da Lua,
igual às almas em pena...
Pena de infausta fortuna
que me cai na alma e a cumula.
Pena
Lua.
Pablo Neruda
In O Rio Invisível
foto de TheDreamSky 꿈꾸는 하늘 no Flickr
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário