01/12/2010

BACO SOB A LÍRICA DO VINHATEIRO




















1 - A Danação das Uvas

O que seria das parreiras
sem os rebentos das vergônteas,
as flores rebeladas
e as solícitas gavinhas
a espera dos cachos brandos?

O que seria das uvas
- além do caule além do fruto -
sem as mãos do vinhateiro,
o silêncio das garrafeiras
e a taça frágil na mesa posta?

O que seria dos deuses
sem as carruagens mágicas,
os castelos de estilo
e a doce maciez das uvas
em suas fruteiras redondas
como a terra?

O que seria do pão
sem a magia do vinho
na sagração de Cristo?

Ou que palavras escolherei
- no corpo do poema -
para sagrar o vinhateiro
posto,
inefável
no coração do vinhal
e não perder a fragrância
o mistério
de um gole solene?

Eulália Maria Radtke
In Lavra Lírica
tela de Dominique Zintzmeyer

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